Tirania
Diante de toda liberdade que vivencia o homem democrático, já habituado pela liberalidade na maneira de pensar e de viver, quando se depara com qualquer forma de submissão, mesmo sendo mínima, causa em sim uma resistência que ao longo do tempo torna-se insuportável e podendo até ser vista como repreensiva a sua maneira de viver, já não se importará tanto com as leis, pois o sistema o acostumou a ver nas leis, uma licença e não uma proibição, as leis já não tem o mesmo valor de lei e nem de sentido, se não o de licenciar para uma vida a gosto modo. Torna-se praticamente inaceitável ver alguém como senhor de si além de si mesmo. Desta insatisfação cria-se na alma do povo a imagem da tirania que vai dar cada vez mais espaço e voz para que nasça do meio deles o homem tirano. O seu líder. Quando um homem com esta marca na alma almeja o poder e a liderança de um povo, é comum que se faça muitas promessas. Porém, pela natureza anárquica que reside no coração deste homem, de forma sutil sua grande arma para convencer toda uma nação será a dissimulação, mas sempre terá inimigos. E por causa de seus inimigos sustentará muitos conflitos como uma maneira de exercer a sua autoridade e imagem de líder forte. Viverá sob uma mentalidade constante de guerra, e por consequência não poupará adversários. De maneira a manter a sua imagem forte, não suportará nenhum tipo de intelecto que se demonstre superior ao seu, nem homem de habilidade de espécie alguma que transpareça qualquer que constitua-se para ele algum tipo de ameaça. Tudo isto o deixará desconfortável durante seu governo e eliminará de seu caminho todos estes homens impiedosamente. E ao invés de trazer melhorias conduz à ruína a sua cidade.
Contudo atrairá cada vez mais para si um número crescente de inimigos, destes, o próprio povo que o elegeu, e na necessidade de elevar a quantidade de seu exército para própria proteção, Sócrates vê claramente que nenhum outro homem aceitará tão bem ser parte de seu exército como aquele que o serve como escravo. O homem tirano elevará a posição dos seus escravos a um nível hierárquico de poder e de honra e serão como nunca servis e fiéis para com ele. E todo o seu povo que de princípio não tolerava nenhuma espécie de submissão acabará por se tornar escravo dos escravos.
“Ao fugir do fumo, caiu no fogo.” - Platão ( Livro VIII – A República )
